Durante a nossa estadia no Wyndham Grand Algarve, tivemos a oportunidade de provar aquela que é conhecida como “a melhor picanha do Algarve”. Servida no Figueiral, um restaurante familiar com quase 40 anos de história, viaja da Argentina e do Uruguai até Almancil.
Em 1986, o patriarca da família erguia a casa. Dois anos e uma ida ao Brasil depois, apaixonou-se e trouxe para o sul de Portugal o seu braço direito, Cláudia Sousa. Do amor de ambos nasceu Ivan Gomes, que hoje, em conjunto com a mãe, mantém próspero o sonho do pai.
“Especializámo-nos em servir a picanha da melhor forma possível”, explicou-nos Ivan Gomes, reforçando as nossas expetativas, que já se encontravam elevadas, uma vez que, sempre que o nome “Figueiral” surgia em conversa, saía de bocas que apenas tinham elogios para dar.
Aqui, a picanha é servida ao estilo brasileiro. Pode escolher 350 gramas por 35€ ou à descrição por 62€. “O segredo é a qualidade da carne e da grelha”, de acordo com o dono, que também menciona que “só o sal com que temperamos a picanha passa por um processo de cura de três dias”.
“Para o mercado português, a picanha tem uma expressão muito forte”, reconhece Ivan Gomes. Seja em bifes maiores, mais finos ou grossos, com ou sem gordura, e vinda das mais variadas origens, esta carne costuma estar presente em muitas ementas a nível nacional. Ainda assim, nem sempre enche as medidas.
Neste caso, o ex-libris do estabelecimento ficou para o fim. “É a cerejinha no topo do bolo”, disse o dono. Já com a barriga cheia, vimos chegar nacos de picanha no espeto, estilo rodízio. Com um ótimo aspeto, a carne vinha rosada, com pedras de sal e gordura generosas. Mas sabia ainda melhor do que aparentava.
Apesar de não sermos peritos na picanha servida no Algarve, podemos seguramente dizer que, na capital, não estamos habituados a encontrar algo com esta qualidade. A distância a que se encontra o Figueiral é agridoce, já que, se existisse mais perto de nós, passaríamos lá a vida. Assim, ficamos apenas “condenados” a fazer uma visita sempre que estivermos pelo sul.
E se a picanha nos marcou (reforçando que já estávamos mais do que saciados e mesmo assim não conseguíamos parar de aceitar fatias), também outros pratos o fizeram. Assim que entrámos no restaurante, Ivan Gomes deixou logo clara a vontade de que ficássemos a conhecer também outras iguarias com a assinatura dos chefs José Botequilha e Eraldo Brandão.
Depois do couvert, com paté de fígado de galinha, paté de azeitona preta e manteiga (4€), chegaram à nossa mesa umas tarteletes de camarão com mozzarella, que serviriam como presságio para uma belíssima refeição. Pensávamos que tínhamos adorado o folhado de queijo de cabra com maçã, mel e nozes (10,50€), mas depois veio o marisco.
Tanto o camarão tigre grelhado (12,90€) como as vieiras salteadas com textura de ervilha e espuma de chouriço (17€) roubaram o protagonismo, sendo que as vieiras levam sem dúvida a medalha de ouro. Estes dois pratos estavam contemplados no menu “sugestão do chef”, que muda a cada semana.
Se a carne é excelente, o peixe não fica nada atrás, assim como comprovaram os macios e saborosos filetes de linguado com camarão e molho de camarão (35€). O tornedó com molho (como vinho do Porto ou mostarda, a 30€) estava ótimo, mas a concorrência era forte.
No campo das sobremesas, há sugestões como seleção de queijos (18€), banana split (8€), tarte de maçã com gelado de baunilha (8€), fondue de chocolate com fruta fresca (19€), fruta da época com gelado (11,50€) e vulcão de chocolate (7,50€). Destaca-se a especialidade Figueiral, uma tarte de figo com gelado de pistáchio (8,50€) que sabe a Algarve.
Porém, a nossa preferência recai sobre os profiteroles (8,50€), gulosos e de comer e chorar por mais. Já o tiramisù (8,50€) foi talvez o prato que menos nos impressionou. Diretamente da garrafeira completa do Figueiral surgiu um Villa Mura Chardonnay, que nos acompanhou durante toda a refeição.
Para beber, pode, no entanto, escolher entre gin, rum, whisky, vodka, tequila, cocktails desde 9€ (como mojito, caipirinha, cosmopolitan e margarita), sidras e cervejas desde 2,50€, licores, águas e sumos a partir de 2,50€.
Este restaurante, que tem a mesma gerência desde sempre, conta com duas amplas salas de jantar, uma zona lounge, onde está localizado o bar (que está prestes a receber um menu novo, com “um foco maior na cocketelaria”), e um espaço exterior, reservado para a esplanada.
Quando visitámos o Figueiral, a mesma ainda não estava em funcionamento, pelo que ficámos com mais uma desculpa para voltar assim que possível. Mesmo assim, a D. Cláudia fez questão de nos mostrar como fica esta área durante a época alta, na visita guiada que nos fez pelo espaço.
Da fonte à lareira a lenha, ficámos a conhecer os cantos à casa num instante. Tem capacidade para 125 pessoas no interior e outras 80 no exterior. O Figueiral apenas serve jantares e encerra ao domingo, bem como durante todo o mês de janeiro.